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Sobre a Salvação por Jesus Cristo (Papa
João Paulo II 1979) Da
CARTA ENCÍCLICA REDEMPTOR
HOMINIS:
Dimensão humana do mistério da Redenção O
homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser
incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado
o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se o não
torna algo seu próprio, se nele não participa vivamente. E por isto precisamente Cristo Redentor, como já foi dito
acima, revela plenamente o homem ao próprio homem.
Esta é — se assim é lícito exprimir-se — a dimensão humana do mistério da Redenção. Nesta dimensão o homem reencontra a grandeza, a dignidade e o valor
próprios da sua humanidade. No mistério da Redenção o homem é novamente « reproduzido » e, de
algum modo, é novamente criado. Ele é novamente criado! « Não há judeu nem
gentio, não há escravo nem
livre, não há homem nem mulher:
todos vós sois um só em
Cristo Jesus ». [64] O homem que quiser compreender-se a si mesmo
profundamente — não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais
e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser — deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com
a sua vida e com a sua morte, aproximar-se
de Cristo. Ele deve, por assim dizer,
entrar n'Ele com tudo o que é em si mesmo, deve
« apropriar-se » e assimilar
toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para
se encontrar a si mesmo. Se no homem se actuar este processo
profundo, então ele produz frutos,
não somente de adoração de Deus, mas também de
profunda maravilha perante si próprio.
Que grande valor deve ter o homem aos
olhos do Criador, se « mereceu ter um tal e tão grande
Redentor », [65] se « Deus deu o seu Filho », para que ele, o homem, « não pereça, mas tenha a vida eterna ». [66] Na
realidade, aquela profunda estupefacção a respeito do valor e dignidade do homem chama-se
Evangelho, isto é a Boa
Nova. Chama-se também Cristianismo.
Uma tal estupefacção determina a missão da Igreja no mundo, também, e talvez mais ainda, « no mundo contemporâneo ». Tal estupefacção e conjuntamente persuasão e certeza, que na sua profunda
raiz é a certeza da fé, mas que de um modo recôndito e misterioso vivifica todos os aspectos do humanismo autêntico, está intimamente ligada a Cristo. Ela estabelece
também o lugar do mesmo Jesus Cristo — se assim
se pode dizer — o seu particular direito de cidadania na história do homem e da humanidade. A Igreja, que não cessa de contemplar o conjunto do mistério de Cristo, sabe com toda a certeza da fé, que a Redenção que se verificou por meio da Cruz, restituiu definitivamente ao homem a dignidade e o sentido da sua existência no mundo, sentido que ele havia perdido em considerável medida por causa do pecado. E por isso a Redenção realizou-se no mistério pascal,
que, através da cruz e da
morte, conduz à ressurreição. A
tarefa fundamental da Igreja
de todos os tempos e, de modo particular, do nosso, é a
de dirigir o olhar do homem e de endereçar a consciência e experiência de toda a humanidade para o mistério de Cristo, de ajudar todos os homens
a ter familiaridade com a
profundidade da Redenção
que se verifica em Cristo
Jesus. Simultaneamente, toca-se
também a esfera mais profunda
do homem, a esfera — queremos dizer — dos corações humanos, das consciências humanas e das
vicissitudes humanas. Para o documento complete >>> |