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Uma compreensão contemporânea da Bíblia

 

A Bíblia cristã tem sido a fonte de terríveis violências e guerras em muitos períodos da história da Igreja.  Cruzadas, queimadas de bruxas ou a cristianização forçada dos Índios : tudo se baseia em evidências da Bíblia.

Embora a pesquisa bíblica crítica tenha entrado na Igreja Católica há mais de 50 anos, muitos cristãos crentes  têm dificuldades consideráveis com os textos bíblicos ainda hoje.

Citação de um pai de quatro filhos:

"Eu sinto mais amor e misericórdia por meus filhos do que Deus obviamente tem por nós humanos, cuja Bíblia lemos durante o culto".

Testemunho de outro pai de vários filhos a respeito de algumas leituras dominicais:

"Não posso mais ouvir estas blasfêmias dominicais".

Declaração de um aluno que queria saber como o mundo e a humanidade vieram a ser e que leu a Bíblia para as crianças em idade escolar para obter uma resposta:
"Sr. Pastor, isso que está na Bíblia não é verdade!"

Em 10.7.2017, o Bispo Oster de Passau informou em domradio.de sobre uma pesquisa realizada entre garotos de 15 a 35 anos de idade que permanecem longe da Igreja nos Estados Unidos e que mais de 60% deram por razão, "porque eles não consideram mais, a visão cientifica moderna do mundo, compatível com fé”.

 

É claro, enquanto que, por "fé", se entende os textos Biblicos sobre a criação.

 

A crise da fé em nosso tempo é portanto, acima de tudo, uma crise na compreensão da Sagrada Escritura, a Bíblia. Mas os efeitos assustadores das "Sagradas Escrituras" de outras religiões são também, em nosso tempo, uma crise de fé;  são um desafio urgente para refletir sobre a origem e sobre uma compreensão fundamental das "Sagradas Escrituras".

 

 

 

A perplexidade  como a origem da religião:

Desde que o homem existe, ele tem procurado entender a si mesmo e ao mundo:

Ele mesmo, sua convivência com seus vizinhos, com seu ambiente natural, com o mundo e com aexistência como um todo; porque ele quer tornar sua vida nesta rede significativa e "justa". O homem, ao longo de milênios, aprendeu a entender muitas das relações da natureza através da observação , da experiência e por fazer uso delas.

A consciência que surgiu há muitos milhares de anos despertou perplexidade pelas maravilhas da natureza e de nossa própria existência. Esta maravilha pode ser vista como a origem de todas as religiões.

Através desta perplexidade , as pessoas começaram não só a lutar pela sobrevivência diária, mas também a se preocuparem com a sobrevivência e com o significado de sua existência. Experiências de morte e transiência, de doença, de sofrimento e de conflitos intensificaram a busca de uma grande ordem por trás do mundo visível e a busca de regras e de rituais que proporcionassem suportes de vitalidade e segurança.

 

As pessoas perguntam não só pelo "como" do mundo, mas também pelo "por quê".

Como o homem no início de sua história foi incapaz de compreender as leis das forças da natureza, das estrelas e do mundo microscópico, ele teve que desenvolver mitos que deveriam explicar a origem do mundo e da existência humana.

Mas estes contos míticos não tratavam apenas de uma visão externa da criação do mundo e do homem, mas transmitiam um valor e um significado ao mundo e à existência humana.

 

As experiências de valor e significado são comunicadas nas histórias mitológicas.

Nas histórias mitológicas, pessoas espiritual e moralmente sensíveis tentaram transmitir suas experiências de valor e significado para a comunidade e para seus descendentes.

As narrativas mitológicas, entretanto, utilizam a imaginação do homem sobre o mundo que era comum na época de sua criação . Assim, eles sempre contêm os dois elementos: Por um lado, idéias externas sobre o mundo e as pessoas daquela época e, por outro lado, as declarações de valor e significado que são expressas em uma linguagem figurativa simbólica, semelhante à linguagem dos sonhos. Este último, provavelmente, porque ainda não existiam termos lingüísticos para experiências de significado e de valores - e porque imagens, parábolas e histórias têm um efeito mais holístico do que termos abstratos.

 

Experiências de valor e significado são vivenciadas como presentes

As experiências de valor e significado não são o resultado de uma busca ou de pensamentos racionais, mas vêm donadas, como se pensamentos e experiências surgissem espontaneamente. Se é o envolvimento emocional com a beleza de uma experiência da natureza, quando se presencia um lindo nascer do sol ou quando se olha para um céu estrelado à noite, que representam um profundo senso de pertencer a grande comunidade da natureza, ou  a alegria ou o assombro que surgem quando se olha para uma criança recém-nascida,- estas são experiências que o homem experimenta como um dono, como algo que flui para ele. É por isso que  tais experiências de valor e significado foram e são vistas por muitas pessoas como uma revelação da Divindade, uma revelação do Divino, que abre a porta ao homem para a "verdade" da vida.

 

Experiências de valor como revelações de valor e revelações da vontade de Deus:

Ética com justificação divina

Sempre foi importante para os seres humanos levarem em conta as conseqüências práticas das experiências de valor e significado para seu modo de vida.

Assim, posteriormente, não apenas as histórias mitológicas escritas, que supostamente devem Transmitir a experiências de valor e significado, tornaram-se as Sagradas Escrituras", mas também os mandamentos  e proibições que supostamente devem regular a vida cotidiana como conseqüência desta visão de mundo e da vida. Eles foram entendidos como uma "revelação da vontade" da Divinidade e como parte das "Escrituras Sagradas".

Algumas dessas escrituras procuraram regular a vida até o último detalhe, como fez o "Antigo Testamento" com a vida do povo de Israel. Qualificando-se como "mandamentos divinos", estas regras de vida receberam autoridade divina e sua violação foi considerada uma desobediência ao próprio Deus: um pecado.

Como a violação destas regras de vida prejudica a própria vida ou a comunidade, é compreensível que tenha sido vista como um ato contra Deus e ainda hoje é visto como tal por muitos crentes, já que Deus, para estes, é o criador e provedor da vida.

 

A questão básica ainda é a mesma hoje: como detectar o sentido da vida?

A ciência natural de hoje, que criou um conhecimento inimaginável do mundo em grande e pequeno, enfrenta ainda o mesmo problema que o homem nos tempos pré-históricos:

O valor e o significado do mundo e da existência humana ainda não podem ser reconhecidos, não importa quanta sabedoria e pesquisa racional tenhamos.
As experiências de valor e significado são de um tipo completamente diferente do que o conhecimento racional.

Mas a nossa mente é capaz e é natural que procure atribuir valor e significado ao conhecimento racional sobre o mundo e sobre a existência humana, para que juntos resultem em uma visão unificada da vida.
Entretanto, na Igreja, isto não tem sido possível para muitas pessoas, porque a Igreja tem rejeitado e combatido, durante séculos, contra as descobertas modernas  nas ciências naturais - e muitos crentes ainda são influenciados por este conflito em seus pensamentos - e uma doutrina contemporânea a este respeito, ainda está muito longe de ser alcançada.

 

Qual é o problema de hoje com as "Sagradas Escrituras"?

Por que as religiões e suas "Sagradas Escrituras" são hoje cada vez menos levadas a sério como resposta a questões de valor e significado, ou criam efeitos assustadores? Em princípio, como estas "Sagradas Escrituras" devem ser avaliadas?

As seguintes reflexões se concentram principalmente em repensar a visão e o significado das "Sagradas Escrituras" dos cristãos, ou seja, da Bíblia.

 

1. As 'Sagradas Escrituras' não são 'revelações' científicas:

Os contos mitológicos das "Sagradas Escrituras" contêm experiências de valor e significado em imagens e histórias. Nesses relatos, entre outras coisas, as visões do mundo da época foram utilizadas como material narrativo. Em épocas culturais posteriores, porém, existe o perigo de que estes mitos não sejam entendidos como linguagem simbólica e similares, mas como revelações permanentes de um processo científico.
No início do século XVII, no conflito Galileu e ainda mais tarde, no início do século XX (!), a Igreja Católica exigiu a crença na validade literal dos textos bíblicos da criação e rejeitou as descobertas da evolução.
Durante vários séculos lutou contra o conhecimento científico e o reprimiu em sua esfera de influência. Como resultado, a fé e o conhecimento se desmoronaram cada vez mais para os crentes. As experiências da natureza, que tinham sido parte essencial da experiência de Deus por milhares de anos, tornaram-se uma fonte de dúvida sobre a fé para muitas pessoas e levaram a um conflito interno entre o pensamento pessoal e a fé.
As questões teológicas a este respeito (a necessidade de redenção do homem no contexto do conhecimento da evolução) ainda não foram abordadas e esclarecidas.

 

2. A mistura acrítica de valores temporais e permanentes:
Há milhares de anos, o homem tem vivido experiências de valor em busca do sentido do mundo e da vida e em busca da forma "certa" de viver, com validade duradoura, tais como: que as pessoas devem se sentir profundamente ligadas à terra ou que as pessoas de todas as nações têm o mesmo direito de existir ...
Mas tais experiências de valor permanentemente válidas são misturadas nas "Sagradas Escrituras" com experiências de valor que tinham uma validade relacionada àquele tempo:
Por exemplo, a fim de garantir a sobrevivência do próprio grupo, foi considerado permissível em alguns casos e até mesmo necessário matar o inimigo ou eliminar o transgressor das suas fileiras, uma vez que ele ameaçasse destruir a ordem de coexistência.
Ou: mulheres emocionalmente sensíveis ameaçaram perturbar a comunidade dominada pelos homens. Acreditava-se, portanto, que tais mulheres deveriam ser mortas como bruxas.

Enquanto os líderes religiosos proclamaram as idéias de valores e regras, que estavam ligadas ao tempo, como revelações divinas da vontade, bem como os conceitos de valor permanentemente, válidos e vinculados para sempre, eles perderam a autoridade para um número crescente de pessoas que refletiam sobre valores.
Professores católicos e outros católicos conhecidos nos Estados Unidos defenderam a pena de morte para nosso tempo em oposição ao Papa Francisco (agosto de 2018), porque ela é exigida no Antigo Testamento como "verdade divina" há mais de 2500 anos (Gen 9.6)!??

 

3. Os valores secundários cobrem os valores primários:
O descanso sabático entre os judeus não era apenas pausa para recreação, mas também para reflexão sobre a vida e para manter os valores de discernimento conscientes da comunidade.
Para Jesus, que cura uma pessoa doente no sábado, a compaixão e a ajuda têm prioridade sobre o descanso do sábado: "O sábado foi criado para o homem"!
Na Igreja Católica durante séculos, os "mandamentos da Igreja" (mandamento obrigatório de domingo, sexta-feira, ...) foram considerados mais importantes do que o mandamento principal do amor.
Mandamentos e proibições não foram promulgados como um meio de proteger e realizar valores fundamentais, mas como revelações diretas da vontade de Deus, obrigando a obediência sem a reflexão.

No caso do sacerdote que, com uma mulher, concebeu um filho, a liderança da igreja considerou mais importante que ele até alguns anos atrás - independentemente de uma família - permaneça disponível para a igreja como pastor, em vez de cuidar de sua esposa e filho.
Os líderes religiosos, que defendem uma ordem de valores hierárquica errada, estão perdendo autoridade em nosso tempo quando, cada vez mais, as próprias pessoas refletem sobre valores.
Na "Sagrada Escritura", os valores primários e secundários são misturados. Se os líderes das religiões não formularem uma hierarquia de valores clara e portanto, com a correta relação entre valores e mandamentos, as "Sagradas Escrituras" perderão a sua validade para os crentes.

 

4. As experiências de valor expressas em mitos às vezes têm perigosos "efeitos colaterais":
Assim como drogas poderosas na medicina moderna têm efeitos colaterais perigosos para algumas pessoas, cujos efeitos nocivos podem ser muito piores do que o efeito curativo, algumas histórias bíblicas podem ter, também, um efeito muito negativo tanto sobre a alma quanto sobre a mente.
Um dos maiores problemas da Igreja (mas também de outras religiões) é que os efeitos negativos de alguns  textos da sua "Sagrada Escritura", que em alguns casos se estendem por longos períodos na história da Igreja, não são percebidos e muito menos tratados.
Aqui estão alguns exemplos:
Gen 3: "Conto do Pecado Original"
Gen 4: Caim e Abel
Gen 22: a imolação de Isaac
A morte de Jesus pela expiação na cruz

 

5. A Bíblia como a "história da evolução da verdade".
Semelhante ao constante desenvolvimento do conhecimento pelas diversas ciências, a compreensão e percepção dos valores também se desenvolveu no curso da gênese da Bíblia. A seqüência cronológica  da criação dos textos bíblicos abrange um período de mais de 1000 anos.
No que diz respeito à visão científica do mundo, existem livros descrevendo o estado atual do conhecimento,  que é de interesse para a maioria das pessoas, mas  existem livros descrevendo o desenvolvimento histórico da pesquisa em um campo da ciência, por exemplo, "A História da Astronomia". Uma documentaçao detalhada desta historia descreve também teorias e idéias que não foram comprovadamente sustentáveis em retrospectiva.

No que diz respeito aos valores e concepções do sentido da vida na Bíblia, esta é  uma espécie de documentação do desenvolvimento de idéias sobre valores e modelos do sentido da vida que contém contextos que consideramos obsoletos da perspectiva atual e não mais válidos para o nosso tempo. (Veja minha compilação de textos e teses em >> Gen 22 - a Imolação de Isaac).

A imagem da árvore genealógica evolutiva do homem na Bíblia (
>>>) é uma boa parábola para a história da evolução da verdade. Na Bíblia há muitas histórias 'extintas', ou seja,  histórias sobre: como a busca do homem se desenvolveu, para encontrar a verdade.

Bem, há líderes religiosos e crentes que consideram todas as declarações em suas "Sagradas Escrituras" igualmente válidas para o nosso tempo. Portanto, eles não querem entender estas estranhas contradições que surgem desta perspectiva e desenvolvem argumentos acrobáticos para desdobrar os textos, para que façam sentido para o nosso tempo. Então, é preciso um exército inteiro de "escribas" que reinterpretem os textos bíblicos, até que façam o sentido que deva haver aos seus próprios olhos.
Se no serviço são lidos os textos bíblicos que contêm valores obsoletos, mas a "Palavra do Deus vivo" é acrescentada no final, então os crentes que pensam criticamente naturalmente se afastam da Igreja.

Certamente, não se trata de censurar a Bíblia ou remover-lhe os textos. Se o fosse, resultaria que os processos de desenvolvimento de valores, os padrões de significado na vida e as exigências morais decorrentes deles não seriam mais reconhecíveis.
Mesmo na história da vida na Terra, a evolução, em conjunto com as numerosas espécies animais extintas e as espécies humanas pré-históricas, pode ser vistas como uma unidade. Para um paleontólogo è importante considerar todo o desenvolvimento da vida, mas para o cidadão comum não é necessário conhecer todas as espécies de dinossauros pesquisadas até o momento, para organizar a sua vida cotidiana.
Aqueles que exigem uma leitura ingênua da Bíblia para  sua fé, criam,portanto,  incertezas e confusão - ou promovem uma prática religiosa fundamentalista, intolerante e de mente estreita e um estilo de vida correspondente.

 

Tarefas necessárias para a liderança da igreja:

Quais seriam as tarefas mais importantes que os líderes da igreja deveriam realizar em relação ao uso da Bíblia em nosso tempo?

 

1. O valor e o significado das experiências das pessoas do nosso tempo e dos últimos séculos, assim como o perigo  que elas podem correr, devem ser apresentados como  "sinais dos tempos", com os quais os cristãos devem se ocupar primordialmente: dignidade humana, direitos humanos, direitos da mulher, direitos da criança, separação de poderes, unidade da humanidade, proximidade à natureza e responsabilidade pela criação, autoconhecimento e responsabilidade pessoal e responsabilidade pelo "todo", direitos dos animais, ....

 

2. Com a ajuda das ciências modernas (ciências naturais, psicologia, antropologia, ciências sociais, ...), uma visão contemporânea do homem, visão de mundo e compreensão de  Deus devem ser desenvolvidas e proclamadas em diálogo entre as valiosas experiências bíblicas e modernas. Acima de tudo, as orações, ritos litúrgicos e textos devem ser adaptados a estes conhecimentos.

 

3. O que sabemos hoje sobre a origem, o papel fundamental e o significado das "Sagradas Escrituras" em sua criação deve ser descrito incluindo os aspectos da ciência naturalista e aspectos psicológicos.

 

4. Com relação aos textos de criação que tratam da origem do mundo e do homem, o nível do atual conhecimento das ciências naturalistas deve ser apresentado às crianças na educação religiosa  e aos crentes na proclamação da fé, antes de interpretar os respectivos textos da Bíblia.
Pois antes de considerar o significado do mundo, é importante considerar os fatos externos do mundo como são conhecidos hoje: "A graça supõe a natureza"!
(Gratia naturam supponit).

 

5. Acima de tudo, é importante descrever o caráter evolutivo da Bíblia como um todo, assim como muitas de suas singulares afirmações, de modo que fique claro como certos valores se desenvolveram mesmo durante o período em que os textos bíblicos foram criados.
Exemplos:

-   O papel das mulheres como "ajudantes" dos homens afim que se tornem uma pessoa de igual
    valor.

-   A visão dos filhos: desde serem como uma posse para o pai, até o reconhecimento da sua própria dignidade.

-   O ponto de vista de Deus: do deus tribal ao deus criador universal.

-   O ponto de vista humano: de receptor de ordens a colega de trabalho responsável, na criação do Reino de Deus.

-   A auto-imagem de Jesus: de "ser um enviado somente para os filhos perdidos de Israel" ou em missão para as pessoas de todos os povos.

 

6. É necessário esclarecer o valor e o significado das experiências dos autores bíblicos como pano de fundo para as declarações centrais da Bíblia. Pois as declarações centrais da Bíblia não devem ser apresentadas em linguagem teológico-dogmática, mas em linguagem que tem a ver com as experiências e a realidade da vida das pessoas naquele momento.

 

7. Trata-se - segundo as possibilidades do conhecimento atual - de elaborar mais claramente o "centro do Evangelho" e uma "hierarquia de verdades" da Bíblia, que são aplicados como critérios para a avaliação e interpretação dos outros textos. As descobertas mais recentes, por exemplo, em antropologia, psicologia, ciências naturais e sociologia, podem tornar necessário atualizar repetidamente esta "hierarquia das verdades".

 

8. A Igreja deveria fazer um agrupamento das piores escrituras bíblicas por sua própria iniciativa e torná-las conhecidas. A descrição da base de sua criação e seu significado e efeitos naquele momento não devem ser usadas como defesa para estas escrituras. É prejudicial para os crentes se a crítica bíblica correspondente for apresentada apenas de fora, pelos inimigos da igreja.
(É como no escândalo do abuso: a crítica só de fora - sem autocrítica da Igreja - destrói sua credibilidade!)

 

9. Os efeitos desastrosos de alguns textos bíblicos, como eles se mostraram no decorrer de 2000 anos de história da igreja, devem ser descritos honestamente. Alguns desses efeitos negativos devem ser elaborados em detalhes para que a igreja admita suas falhas, estabelecendo >> "Dias de luto pela Igreja".

 

10. As formulações "Palavra do Deus vivo" e "Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo" durante o serviço soam como blasfêmia para os crentes     críticos depois de certos textos bíblicos terem sido lidos em voz alta!
Deve-se considerar que uma abordagem diferente dos textos bíblicos ou que outras formulações no final de uma leitura bíblica evitariam esta impressão de "blasfêmia".

 

11. Vale a pena refletir sobre como introduzir uma "segunda leitura" na Missa com um texto sobre a experiência de fé e valores de nosso tempo que atualize o texto evangélico. Isso deixaria claro que o Evangelho de Jesus Cristo, que a Igreja vê como a culmine e a conclusão da revelação, estende, no entanto, a sua realização e "encarnação" no curso da história humana às pessoas concretas dos tempos posteriores.

 

12. Um problema particular é colocado pelas Bíblias das crianças que são oferecidas hoje em dia.
Os relatos bíblicos da criação que contêm, as histórias mitológicas desde a história do Dilúvio até a "Torre de Babel", e os muitos relatos de milagres no Antigo e no Novo Testamento dão às crianças uma imagem completamente errada da obra de Deus. Muitas dessas crianças na adolescência, quando começam a pensar criticamente, rejeitarão essas narrativas e com elas toda a Bíblia e, portanto, também a fé cristã como fábulas infantis. A longo prazo, estas Bíblias infantis têm um efeito destrutivo sobre a fé de muitas pessoas. É semelhante a muitos filmes bíblicos que transmitem imagens de Deus e uma fé ultrapassada, como a maioria das Bíblias infantis.

-   Os líderes da Igreja deveriam tomar publicamente uma posição crítica contra este tipo de Bíblias e filmes infantis e formular com a ajuda de alguns exemplos, uma correção das idéias ultrapassadas sobre a fé, que são apresentadas nestes meios de comunicação.

-   Eles devem advertir os pais sobre as Bíblias dos filhos, que não contêm a correção de textos equívocos e problemáticos da Bíblia.

-   Os líderes da Igreja devem estimular a produção da mídia na qual as histórias bíblicas sejam apresentadas tanto de forma crítica quanto científica, bem como seu conteúdo religioso permitindo que se estenda através dos tempos.

-   As Bíblias infantis devem ser criadas por estudiosos da Bíblia juntamente com educadores religiosos, nos quais o contexto histórico e a história de origem dos textos são mostrados de forma amigável para as crianças, especialmente com textos do Antigo Testamento. (Veja uma experiência: A Torre de Babel ")

 

O Papa Francisco em seu discurso sobre a Bíblia no 25º aniversário da publicação do Catecismo:

"Não se pode por naftalina a Palavra de Deus como se fosse um velho cobertor de lã que tenha

que ser protegido contra os vermes".

Não! A Palavra de Deus é uma realidade dinâmica, sempre viva, que se desenvolve e cresce [...]".
Sobre este Till Magnus Steiner em "katholisch.de" em 08.08.2018:

"A própria Bíblia é um diálogo de diferentes autores e diferentes épocas - e este diálogo, que pode

levar a um novo conhecimento, continua ainda hoje na leitura e na interpretação da Bíblia.

 

O bispo Kohlgraf de Mainz exige do Vaticano uma interpretação bíblica cientificamente fundamentada.

Copie o seguinte LINK para a linha de endereço:

 https://www.katholisch.de/aktuelles/aktuelle-artikel/kohlgraf-fordert-wissenschaftlich-begrundete-bibelauslegung

 

Citações do artigo:

... se em cada passagem da Bíblia fosse "direta e literalmente revelada uma verdade imutável, atualmente deveríamos estar apedrejando adúlteros,

blasfemos, videntes, filhos e filhas desobedientes e pessoas que lavam seus carros no sábado".

A educação religiosa e a pesquisa teológica são necessárias "para salvar a compreensão das Sagradas Escrituras e, se necessário, para não torná-las ridículas".

 

 

Manfred Hanglberger, padre católico e terapeuta de família (aposentado) (www.hanglberger-manfred.de)

 

Traduzido por: Ana maria Mascarello

 

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